A “agricultura intensiva” é usada nos debates públicos para classificar ou descrever certas práticas agrícolas. Muitas vezes implica explorações com grande número de animais e práticas que maximizam a produção enquanto minimizam os seus custos. Também é frequentemente responsabilizada pelos impactos ambientais da produção pecuária, perdas de biodiversidade e deficiências no bem-estar animal. No entanto, essa relação não é tão direta quando se considera o conhecimento científico. Portanto, antes de iniciar conversas sobre a intensificação da pecuária, é crucial entender o que significa intensificação.

A intensificação pode abranger muitas coisas: uso intensivo da terra, de produtos químicos ou máquinas agrícolas, de mão-de-obra, de tecnologias; uso de recursos alimentares e hídricos; entre outros. Esses fatores impactam o meio ambiente, a biodiversidade e a estrutura social de maneira diferente. Sistemas hidropónicos ou agricultura urbana, muitas vezes vistos como práticas positivas na comunicação social, são exemplos avançados de sistemas de agricultura intensiva. No extremo oposto, o sistema agrícola tradicional também trabalha com conceitos como “intensificação sustentável ou ecológica” com alta intensidade ecológica, visando usar processos naturais e os serviços ecossistémicos de forma eficiente.

Os méritos e desafios das diferentes práticas agrícolas, incluindo as que são classificadas como intensivas, são muito complexos e, no caso da Europa, muito diversos. Vamos começar pelo básico do que pode ser classificado como “intensificação”, um aumento na intensidade de produtos químicos agrícolas, incluindo o uso de fertilizantes, pesticidas e ração comprada. Podemos observar uma clara tendência de intensificação da pecuária na Europa?

O Eurostat, a agência pública europeia de estatísticas, desenvolveu uma metodologia que pode dar as respostas iniciais à questão. A intensidade de uso de químicos agrícolas foi usada como proxy da intensificação agrícola e foi definida como o nível de produtos usados por uma exploração por unidade de produção (em geral, área).

Na UE27, os últimos dados atualizados em junho de 2022 mostraram que as quotas da área agrícola gerida por explorações de alta intensidade em 2020 foram de 37,5% do total da SAU (Superfície Agrícola Utilizada), enquanto a SAU gerida por explorações com baixa intensidade de produtos por hectare é de 25,3%. A parcela da área agrícola gerida por explorações com média intensidade de químicos por ha foi de 37,2% do total da SAU.

A pecuária intensiva na UE é diferente de muitas outras partes do mundo. Acima de tudo, não é necessariamente negativa para o bem-estar animal ou para o meio ambiente. Pelo contrário, práticas intensivas muitas vezes incorporam melhor cuidado com os animais e maior eficiência no uso de recursos.